"E se pudéssemos digitar do nosso cérebro para um computador? Isso está mais perto do que podemos imaginar", disse Regina Dugan, responsável pelo projeto.Parece até episódio de Black Mirror, mas não é. O Facebook revelou no segundo dia da F8 Conference, realizada em San Jose na Califórnia, o desenvolvimento de um projeto experimental que tem como o objetivo ligar o cérebro humano ao computador pessoal através de uma interface.
A interface permite que você controle o mouse e digite palavras usando apenas a "força do pensamento", e foi demonstrado pela ex-diretora do DARPA e ex-líder do Projetos e Tecnologias Avançadas do Google, Regina Dugan, executiva do projeto chamado Building 8, no Facebook. De acordo com Dugan, esse projeto vai revolucionar a nossa interação com a tecnologia, o que não podemos discordar.
Mas como isso funciona? Bom, a máquina recebe o impulso neural do cérebro humano, e através de fótons balísticos, o sinal wireless é filtrado. Até o momento, a pesquisa busca alcançar uma taxa de 100 palavras por minuto, o que segundo Dugan, deverá acontecer até 2020.
Além da força do pensamento, outro método inovador apresentado pela executiva seria a digitação pela "leitura" do braço utilizando sensibilidade tátil. A máquina interpreta a vibração da pele. Comparado ao implante coclear, o projeto pode permitir a criação de uma linguagem universal, acredita Dugan.
Mas que ligação a interface pode ter com Black Mirror?
A série britânica, escrita por Charlie Brooker e disponível na Netflix, foi bastante comentada pelos internautas em Outubro de 2016, e tem seduzido muitos, por tratar sobre a atual dependência do ser humano em relação à tecnologia, alienação e outros como abuso de poder. A terceira temporada da série tem sido aceita como a melhor até o momento por muitos, pelo fato de "assustar" os telespectadores em relação aos assuntos tratados.
Certamente, a série não veio para ser como qualquer outra, e "assustar" é exatamente o objetivo da mesma. Mas por que assusta tanto assim?
Por se tratar de uma série futurística, a série apresenta tecnologias de um futuro próximo que apesar de "maneiro" também chega a ser assustador. Utilização de telemóveis e tablets para controlar pessoas, ou redes sociais para destruir a identidade de outras, criação de clones e controle da mente através de aplicativos. Até o momento, algumas são improváveis, mas são ícones de um futuro que talvez nos espere.
Outros problemas seriam o isolamento e o enfraquecimento de relações sociais, presentes na atualidade da série e causados por um sistema criado por algo invisível. Tais problemas são notáveis no decorrer do avanço da tecnologia, visto que hoje, para alguns, uma conversa no WhatsApp é melhor que pessoalmente.
O avanço da sociedade citado em Black Mirror pode não ser o mesmo nosso, mas a série é um "perfeito" aviso para o que estamos vivenciando hoje tanto na mídia quanto no nosso dia a dia.
Ficou encabulado? Calma! A cabeça do projeto, Regina Dugan, deixou claro que a interface não se trata de uma invasão ao pensamento das pessoas ou implantação de dispositivos no corpo do homem, a não ser uma decodificação de impulsos do nosso cérebro.
O Facebook ainda não deixou claro como pretende usar o projeto, porém deseja pelos próximos três anos continuar desenvolvendo novas interfaces neurais não invasivas.
Apesar de não se tratar de uma interface invasiva,o avanço de tal tecnologia poder ser um aviso e tanto para o homem. O que a tecnologia já causou na sociedade até hoje com o desenvolvimento da internet pode ainda aumentar com estudos sobre novas interfaces com o uso do cérebro humano.
Seguimos na torcida por um futuro menos Black Mirror e mais Star Wars. O que a força do pensamento poderá nos trazer num futuro próximo?
Matéria feita por Nícolas Neves, Redigida por Nicole Pires.





