Aluna e professora Eurídice Fonseca de Paiva, 21 anos, cursou o Ensino Médio no Instituto de Educação Rangel Pestana (Formação de Professores), formou-se em 2012 e atualmente é professora do 2º ano do Ensino Fundamental em uma escola particular. Estudante da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro-UFRRJ, cursa Letras-Português/Literaturas, 8º período e ainda sonha em cursar Direito.
Eurídice (conhecida, pelos amigos, como Dicinha) nos conta que sempre sonhou com uma vaga em uma Universidade Pública, porém encontrou muitas dificuldades no caminho. A primeira foi por ter feito Formação de Professores; e algumas matérias que são cobradas no vestibular, não eram estudadas no curso.
“Quando cheguei ao 3º ano
do Ensino Médio, comecei a olhar algumas provas passadas e vi que estava
desatualizada. Comecei então a procurar pré-vestibular e cursinhos, mas não tinha
tempo porque a escola consumia nove horas e meia do meu dia, sem contar que não
tinha recursos financeiros para pagar. Foi aí que ouvi falar do pré-vestibular social
que acontecia aos sábados, consegui a vaga e comecei a estudar”.
Eurídice fez a primeira prova para a UERJ, porém não conseguiu a vaga. Então, ela
resolveu fazer o ENEM e quando recebeu o resultado comemorou a sua vaga em uma
Universidade Pública e hoje está no último período se preparando para a formatura.A aluna Ana Carolina Rodegheri Santos, 22 anos, cursou o Ensino Médio no Colégio Estadual Vicentina Goulart, formou-se em 2011 e atualmente cursa Enfermagem na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) e está no 2º período. Não trabalha, pois a faculdade é em período integral.
Ana Carolina diz que sua maior dificuldade era a falta de professores, não muito diferente dos dias atuais. Às vezes, voltava cedo pra casa por este problema ou por falta de água em sua escola, também diz que havia uma grande escassez de conteúdo.
“O
conteúdo era muito raso, comparado ao de outros colégios. Até mesmo na faculdade
tive um pouco de dificuldade no começo em algumas matérias como, por exemplo,
química, que exige muito mais do que eu estudei”.
Porém, isso não foi um problema; ela diz que, com muita força de vontade, supriu a
falta que o ensino a fez. Abrindo mão de festas e outras diversões, assistindo vídeo-aula
de algumas matérias que não teve no Colégio, conseguiu o que tanto desejava e ainda
preencheu lacunas geradas no Ensino Médio.O aluno Gabriel de Souza Miguel, 21 anos, cursou o Ensino Médio na Escola Estadual Engenheiro Carlos Frederico Arêa Leão, formou-se em 2012. No momento, não trabalha; porém, é remunerado com uma bolsa mensal por atividades de pesquisa na área de História da África que realiza na própria universidade. Atualmente, faz licenciatura em História na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro-UFRRJ e está no 7º período.
Gabriel diz que no Ensino Médio foi sua primeira vez estudando na rede pública de ensino. A sua maior dificuldade foi a ausência de um ensino eficiente que realmente o ajudasse em sua caminhada. Ele diz,
“Falta de professores ou de condições favoráveis
à melhoria do ensino era recorrente. Percebi de cara que necessitaria de um curso
preparatório que me ajudasse a ingressar em uma universidade pública. No último ano
do Ensino Médio ingressei no pré-vestibular social”.
Gabriel teve de correr atrás do que pretendia. As matérias do ENEM, segundo ele “...
foram sequer vistas por mim no Ensino Médio”. Tendo passado para a universidade em
seu segundo vestibular, Gabriel finalmente conseguiu o que tanto quis.A aluna Thaís Honorato de Andrade, 23 anos, cursou o Ensino Médio no Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (CEFET-RJ) (Técnico em Enfermagem), formou-se em 2011. É estagiária de engenharia em FURNAS, onde auxilia os engenheiros na fiscalização dos projetos das obras nas subestações. Atualmente, estuda na UERJ- Universidade do Estado do Rio de Janeiro e está no 8º período.
Thaís fala de quando estava no 9º ano se preparava para fazer a prova do CEFET.
“Foi um ano bem puxado, pois passei vários finais de semana estudando. Mas, valeu a
pena porque eu consegui ingressar no curso de Enfermagem, era o que eu tanto
queria”.
Ainda diz que, “Durante o Ensino Médio a sobrecarga ainda era muito grande,
pois eu fazia o técnico à tarde, passava o dia todo no CEFET. Nos três anos, percebi que
eu não levava jeito na área da saúde, mas sempre fui muito boa em exatas”.
Thaís passou por diversas dificuldades. No ano de 2011, fez o ENEM; porém, não
obteve sucesso. Em 2012, conseguiu com muito trabalho entrar na UERJ, onde está
fazendo Engenharia Elétrica “o que eu tanto almejava”, diz Thaís.Texto escrito por Maria Fernanda Candido.